29 de jul. de 2010

Jovem europeu sofre verão do desemprego

Daniel Ochoa de Olza - 18.mai.10/Associated Press, VAGUINALDO MARINHEIRO, DE LONDRES


Na Espanha, taxa geral de desempregados é de 19,9%, mas chega a 40,5% entre os que têm entre 16 e 25 anos

Resolução aprovada no Parlamento Europeu exorta que se evite que jovens fiquem mais de 4 meses sem trabalho

Entre economistas e intelectuais, a discussão principal pode ser se o euro continuará como moeda única de 16 países europeus ou se o bloco todo da União Europeia, que congrega 27 nações, vai continuar a existir.

Mas, para os jovens recém-saídos das universidades europeias, este é o verão do desemprego.

As temperaturas estão beirando os 40C na Espanha, e é lá que está também uma das maiores taxas de desemprego na Europa: 19,9%. Significa que 1 em cada 5 na população economicamente ativa está sem emprego.

Entre os jovens, a situação é muito pior, 40,5%. Se dez pessoas entre 16 e 25 anos estiverem conversando em um bar, provavelmente quatro estarão sem emprego.

"Estou sem trabalho há dois anos. Até que foi bom na época da Copa do Mundo. Vi todos os jogos. Mas agora a festa acabou e continuo desempregado", diz Miguel Mandiá, um madrilenho de 22 anos especializado em design gráfico.

"Quase todos os meus amigos estão na mesma situação", afirma.

Se o presente já está difícil, o futuro parece ainda mais preocupante. De um lado, as empresas privadas não investem com medo de um repique da recessão provocada pela crise global de 2008. Com isso, não criam vagas.

De outro, os governos preparam cortes de gastos para reduzir o insustentável deficit público. Com isso, cortam postos de trabalho. Na soma, mais desempregados.

REINO UNIDO

No Reino Unido, a situação não é tão grave. A taxa de desemprego na população em geral está em 7,8%. Mas o medo paira no ar.

O plano do novo governo para reduzir o deficit deve acabar com cerca de 600 mil empregos públicos, dos atuais 6 milhões. Outros 700 mil postos podem ser fechados no setor privado que tem o governo central como principal cliente.

Mais uma vez, os jovens são os mais afetados. O ano letivo no hemisfério Norte acabou no primeiro semestre e é a época de os recém-formados procurarem emprego.

Está difícil. A Associação de Recrutadores de Graduados revelou que há um recorde de 70 graduados procurando emprego para cada vaga oferecida.

James Baxter, que trabalha numa empresa de recrutamento em Londres, afirma que, com o mercado muito enxuto, sobram pessoas com qualificação.

"Assim, fica ainda pior para quem não tem experiência." A taxa de desemprego entre pessoas de 15 a 24 anos no Reino Unido beira os 20%.

A preocupação com o desemprego juvenil chegou ao Parlamento Europeu. No início do mês, foi aprovada resolução que exorta os 27 países-membros do bloco a criarem mecanismos para evitar que jovens fiquem mais de quatro meses sem trabalho.

A proposta da resolução foi feita pela dinamarquesa Emilie Turunen, de 26 anos, a mais jovem deputada do Parlamento Europeu.

Segundo ela, há mais de 5,5 milhões de jovens desempregados nos países da UE, cerca de 21,4% do total.