17 de abr. de 2011

Apenas 17,8% dos trabalhadores da construção civil frequentaram curso de educação profissional

Apenas 17,8% dos trabalhadores da construção civil frequentaram curso de educação profissional, fazendo do setor um dos com menor proporção de trabalhadores de nível técnico no Brasil. Os dados são da pesquisa “Trabalho, Educação e Juventude na Construção Civil”, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Instituto Votorantim.
Entre 16 setores da economia analisados pela a pesquisa, os com maior proporção de pessoas formadas em cursos profissionalizantes são: automobilístico (45,71%), finanças (38,17%) e petróleo e gás (37,34%). Já os com menor proporção são agronegócio (7%) e construção civil (17,8%).
Ela ocupa o antepenúltimo lugar no ranking dos 16 setores com o maior número de profissionais de nível técnico. No ranking de profissionais com graduação tecnológica, a construção aparece em 13º lugar, segundo a pesquisa, lançada em abril.
A média de anos de estudo no setor — incluindo educação básica e profissionalizante — é de 6,3 anos, dois a menos que a média de trabalhadores de outras áreas (8,4 anos). Mantida a atual tendência de aumento da escolarização, a construção civil deve levar 15 anos para alcançar outros setores em nível educacional, segundo a pesquisa.
Apagão
O jovem, cada vez mais qualificado, não é atraído pelos salários e pelas condições de trabalho na construção civil. “O jovem das classes mais modestas passou a estudar mais e não quer o trabalho braçal da construção”, afirma o coordenador da pesquisa pela FVG, Marcelo Neri, em entrevista ao site da revista IstoÉ Dinheiro.
O já anunciado apagão de mão-de-obra deve aumentar com a demanda de programas de infraestrutura, como o PAC, e de habitação, como o “Minha Casa, Minha Vida”, além de eventos como Copa do Mundo e Olímpiadas. A saída, segundo Neri, é melhorar os salários e mudar o processo produtivo, adicionando tecnologia aos canteiros de obras.
O trabalhador da construção ganha menos do que os dos demais setores: R$ 933 contra R$ 1094, de acordo com o levantamento. Apesar disso, ele trabalha, em média, três horas a mais por semana.
A boa notícia é que entre 1996 e 2009, tempo de apuração da pesquisa, os salários do setor aumentaram: no primeiro ano, 51,28% das famílias dos profissionais da construção civil estavam nas classes D ou E (com renda inferior a R$ 1.100,00). Já em 2009, apenas 36,2% estavam nesse grupo, segundo a pesquisa.
*Com informações da Folha Online e da Revista IstoÉ Dinheiro